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Oportunidade Única!

junho 12, 2013

What’s Up, man!

Esta madrugada (de terça-feira para quarta-feira) sofri um pouco de insônia e comecei a fuçar a internet em busca de algo para escrever para este blog que precisa de um faxina, tamanha a quantidade de teias de aranha e poeira. Fato é que acabei assistindo a um documentário sobre Trace McGrady do canal canadense TSN, chamado “McGrady Journey”. Infelizmente não achei o vídeo para por o link aqui. Mas acabei escrevendo sobre alguns pontos abordados no documentário.

T-Mac e seu Primo Vince Carter quando jogavam e Toronto

T-Mac e seu Primo Vince Carter quando jogavam e Toronto

Ao ser draftado pelo Toronto Raptors, T-Mac (só consigo me referir a Tracy McGrady assim, acredite) rapidamente conquistou a torcida com suas enterradas, habilidade de poucos e arsenal ilimitado de jogadas. No verão de 2000, foi a primeira oportunidade que o jogador teve para testar o mercado como FA, algo que quase ninguém das bandas de Toronto queria.

A comoção foi tão grande, que um menininho de Toronto foi a um dos jogos dos Raptors com um cartaz com os dizeres: “Fica T-Mac!”.

O que poucos sabem, é que depois de mais de uma década, este menino tem a chance de falar diretamente com seu ídolo. Este jovem se chama Cory Joseph e agora companheiro de equipe de T-Mac, só alguns metros separam seus armários.

Em sua 16ª temporada na NBA, T-Mac comentou sorrindo, “Conversamos sobre isso. Estou velho. Ele tinha sete, ou oito anos! Quer dizer, 16 anos depois, ainda estou aqui de pé. Acabo de fazer 34 anos, então sou jovem, mas realmente não sou.”.

Joseph disse, “Implorava para ele ficar porque quando jovem, era um grande fã dele. Mas ele tomou uma decisão profissional. É bom ser seu companheiro de time e vivenciar essa experiência com ele agora, depois de vê-lo enquanto crescia.”.

T-Mac SAS

Ao falar com a imprensa nessas finais, T-Mac atraiu tanta atenção quanto Tim Duncan, Tony Paker e Manu Ginobili, seus companheiros do San Antonio Spurs, mesmo não tendo jogado um segundo da primeira partida e o último quarto da segunda e terceira. Nesses Playoffs, o jogador só contabilizou 31 minutos, contudo ainda chama atenção pelo que fez e o que pode fazer. Depois de ser eleito sete vezes All-Star (2001-2007), duas vezes para o All-NBA First Team (2002-2003), levar por duas vezes o titulo de maior pontuador (2003-2004), além de outros tantos, T-Mac só esta atrás de um titulo da NBA para brindar com chave de ouro sua carreira, o que o levou a brincar com Duncan, que o pivô precisava vencer para lhe dar um anel.

Aos risos Trace disse: “Disse a ele que é melhor ele conseguir um. Depois de tudo que passei durante a minha carreira? Sou provavelmente um dos poucos astros em atividade desta liga que teve de lidar com um tanta mer… Não tive muita ajuda em Orlando, quando estava no auge do meu jogo. A briga para ter talentos em torno de mim e Yao Ming, em Houston… Foi duro… Esta tem sido a história da minha vida, jogando quatro anos em Orlando desejando ter Grant Hill. Jogando em Houston, sem Yao Ming. Então, quando eles estavam sadios, eu não estava. Não estou brincando, esta tem sido a minha carreira.”.

Ter Duncan e McGrady na mesma equipe não é uma ideia nova, no verão de 2000 isso quase se tornou possível. O Orlando Magic tentou tirar Tim Duncan do time texano, quando este se tornou FA irrestrito, o pivô chegou a considerar, mas acabou ficando, doce ilusão! O intuito era formar um Big Three, com T-Mac, Duncan e Hill.

T-Mac voa para uma enterrada, na partida de 10 de março de 2004 onde fez 62 pontos.

T-Mac voa para uma enterrada, na partida de 10 de março de 2004 onde fez 62 pontos, contra o Washington Wizards.

Washington Wizards

“Conversávamos sobre isso outro dia no ônibus, disse a ele que fiquei chateado por não assinar com o time.” T-Mac comentou. “Ele disse que Pop(ovich) o convenceu a ficar. Este era o impasse dele. Eu sabia que seria complicado assinar com ele, mas seria fascinante.”.

Agora ambos são companheiros de equipe, T-Mac começa a demonstrar alguns pontos grisalhos na sua barba e tem pouco tempo de jogo. Ele aceitou esses “termos” por já estar numa fase de sua carreira, onde fará o que for necessário para ganhar um titulo na liga. Até esta temporada, T-Mac havia caído na primeira rodada dos Playoffs em todas as vezes que chegou a pós-temporada. Como você leitor, pode saber, isto era uma piada que muitos faziam para criticar a sua carreira. Com tudo, isso agora é coisa do passado e ele esta a duas vitórias do cobiçado troféu da NBA Larry O’Brien.

“Veja bem, sempre fui o tipo de jogador que dizia que, se um jogador está num time campeão onde não contribuiu, como pode considerar que seu anel foi merecido?”, revela T-Mac. Fato é que o armador nunca mais foi o mesmo depois das lesões e nem imaginava que fosse jogar nesta temporada. O jogador disse que estava em casa relaxando com sua família dois meses após seu retorno da China, até receber uma mensagem o convidando para jogar para Popovich.

“Ele (Popovich) me disse que estava sofrendo com algumas lesões na época, e queria que fosse para conversarmos e ver o que achava. Foi uma conversa bastante transparente, da qual eu gostei. Eu poderia jogar, ou não e se eu lidaria bem com isso? Respondi ‘Claro’. Qualquer um gostaria de fazer parte deste time. Você sempre imagina que eles estarão lá todos os anos, contando no comando com Pop. Com o clima familiar que se têm aqui, os egos ficam do lado de fora. Não se trata de uma pessoa. Eles não se preocupam com quem ficará com os louros da vitória, ou nos holofotes. Eles não se importam com isso.”.

T-Mac nunca pode vivenciar tamanha transparência nos últimos anos, principalmente quando esteve em Atlanta. Onde muitas coisas lhe foram prometidas, mas bastou a temporada começar, para que as promessas caíssem por terra.

“Voltei para aproveitar a NBA. Nos últimos anos, não a curtia. Não o fazia por achar que muito havia sido tirado de mim. Sentia-me com um grande potencial para mostrar, mas que não estava autorizado a fazê-lo. Me sentia uma fraude. Não quero citar nomes, mas as coisas não aconteciam como me eram prometidas. Sei de muitas coisas que foram ditas sobre mim como individuo e como jogador, mas só respondo o que penso. Quando algo me é prometido e não é cumprido, eu ajo falando o que penso. Essa é minha natureza. Não fugirei dela. É por isso que respeito Gregg Popovich e Jeff Van Gundy, pela transparência com que lidam com os jogadores e como lidam com minha situação. Ficou claro desde nossa conversa por telefone, e por isso estou bem com meu papel aqui.”.

“Não acho que teria reclamado de não jogar, se as coisas tivessem sido transparentes comigo, se tudo tivesse sido posto de forma clara antes de vestir o uniforme. Mas se me dizem que vou ter um papel é isso que quero fazer, se não sair desta maneira então temos um problema.”.

“Honestamente, Acredito que o homem lá de cima esta me mandando uma mensagem, para que tenha paciência e para lidar com certas coisas em minha carreira. Tenho passado por diferentes situações nela. Ele tem me preparado para que não seja tão amargo, não reclamar por não jogar e não desanimar por não ser um jogador de impacto na equipe, coisa que estou acostumado a ser.”.

Ele aceitou não pisar em quadra durante as finais, embora isso tenha mudado no último quarto da segunda partida, quando o time de San Antonio perdia por mais de 20 pontos de diferença e Popovich resolveu poupar seus titulares.

“Droga, eu não acho que vou jogar por muitos minutos. Eu vejo o jogo como você, só que de um lugar melhor.”, brincou T-Mac.

T-Mac treinando pelo Qingdao Eagles Time que jogou na china (2012-2013)

T-Mac treinando pelo Qingdao Eagles
Time que jogou na china (2012-2013)

Enquanto muitos jogadores americanos começam a jogar em outros países e não conseguem retornar a NBA, T-Mac não se preocupou com isso, sabia que sua situação era diferente de alguém como Allen Iverson, “Eu não tenho esse histórico que vários jogadores têm no final de suas carreiras. É diferente de Gilbert Arenas e Stephon Marbury. Eles não têm o mesmo valor que tenho.”.

Ele aproveitava o tempo na China, comendo em restaurantes americanos em cada cidade que ia. “Minha experiência na China foi incrível. Me diverti muito por lá, os fãs chineses são inacreditáveis e me faziam ser como um astro de rock. Todas as arenas que joguei estavam lotadas, e milhares de pessoas esperavam para me ver no ônibus. O aeroporto estava inundado de gente. Vim para casa por dois meses para relaxar, pois em todos as cidades o assedio era muito grande, então Pop me chamou para fazer parte dessa equipe, foi fantástico. Fiquei tão excitado que foi como se fosse a primeira vez que fazia parte de um time capaz de chegar ao título.”

“Honestamente não tinha planos de voltar para a NBA, não me importava, Não estava focado nisso. Estava pensando em voltar pra casa e relaxar, mas quando ele ligou, sabia que tinha que aproveitar a oportunidade.”.

Durante seu período na China, McGray era tratado como um All-Star, isso foi muito importante pra ele, pois depois de suas lesões no joelho, sua confiança estava em baixa. Contudo, sua passagem pelo basquete chinês não só permitiu ele retomar a confiança, mas também sua forma física.

“Já recuperei! A havia perdido na minha 11º temporada com minha lesão. Foi difícil. Jogar em alto nível por tantos anos e em seguida você não pode voltar a ele. Foi lá que recuperei esse nível. Me senti apreciado, me senti como antigamente com a bola nas mãos. Obviamente o nível não é o mesmo da NBA, mas pude aproveitar o tempo que tive onde recuperei o alto nível e aquela sensação.”.

“Lidar com as lesões do modo que lidava, especialmente depois da lesão no joelho, me fez perder a confiança. Quando se está lidando com lesões deste tipo, a tendência é que perca a confiança. Mentalmente, foi duro recuperar. Agora sou capaz de entender o que alguém sente quando está nessa situação. É difícil mentalmente, voltar ao nível que jogava. Atualmente, já superei este obstáculo, sou capaz de fazer movimentos que estava acostumado a fazer em quadra. Dribles, cortes, enterradas.”.

Isso é reforçado pelos comentários de seus companheiros de equipe, de que ele ainda tem seus momentos grandiosos durante os treinos.

Danny Green afirma, “Ele ainda tem seus flashbacks. Você olha pra ele e pensa: ‘Nossa, lá esta o T-Mac!’ Ele é um jogador muito especial, é obvio que ele não conhece o sistema tão bem, não teve a oportunidade de praticar muito neste ano, mas sem duvida ele merece esta oportunidade.”.

T-Mac não tem ideia de quanto tempo quer continuar jogando. Já recebeu o convite de varias equipes nos últimos dias perguntando se queria continuar jogando a próxima temporada pelos Spurs. Mas ele prefere deixar esta discussão para mais tarde.

“Quer saber de uma coisa? Eu não sei. Não sei o que vai mudar se ao final desta série formos campeões. Eu não sei… não cheguei nem a pensar tão longe. Estou apenas tentando aproveitar esta oportunidade esses dias.”

T-Mac pode até não saber quando vai parar, mas já sabe como quer ser lembrado: “Simplesmente como um jogador infernal, um pontuador nato. Um cara que podia pontuar de diversas formas. Não sei, quer dizer, quando estava no meu auge, eu coloquei tudo na mesa. Tentava dar o meu melhor jogo nos Playoffs. Tentava ir além do que já tinha feito durante a temporada, e se você for olhar os números. Eles não mentem, verá que dei tudo de mim.”.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de ir para o Hall da Fama, T-Mac não hesitou em responder: “Olhe meus números! Olhe para as 11 temporadas antes do meu problema no joelho, em seguida compare com alguns caras que estão no Hall da Fama.”.

O período em que esteve no Orlando Magic (2001-2004), foi sem duvida o melhor jogador da NBA. Tanto é que em sua pior temporada, teve média de 25,6 pontos por partida, chegando a 32,1 na temporada 2002/03.

Houston Rockets v New Jersey Nets

Houston Rockets v New Jersey Nets

“Tive de ser, por que Grant Hill não era. Havia um fardo em meus ombros para carregar a equipe. Era exatamente o que tinha de fazer. O mesmo ocorreu em Houston. Quer dizer, Yao era boa parte do nosso time, mas não era tão dominante quanto Shaq, um cara de 25 a 15 pontos. Eu nem acredito que ele tenha médias de 20 pontos na careira. Mesmo assim era muito pra mim, pois ainda tinha que dar a bola para ele.”.

Atualmente T-Mac não pertence à elite, mesmo assim ainda é um jogador fascinante da NBA. Logo, ele se aposentará das quadras, mas o seu legada vai continuar com as gerações de jogadores e fãs que cresceram assistindo o seu domínio.

Danny Green comenta: “Ele era um dos meus jogadores favoritos. Era um dos melhores da liga. Ele é um cara fantástico. Só espero ser tão bom quanto ele um dia.”.

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